A notícia de que um ladrão invadia os lares durante o sono
de seus moradores, ou em sua ausência, levando objetos de pequeno porte, mas de
considerável valor, como joias, relógios, aparelhos de celular, computadores
portáteis e máquinas fotográficas, deixou apreensivos os moradores do tradicional
bairro do Rio Vermelho. Era muita ousadia invadir a casa alheia para roubar, e
mais ainda quando os seus habitantes estavam indefesos no mais profundo sono. Ninguém
tinha uma descrição desse gatuno, ninguém jamais o tinha flagrado em pleno exercício
de sua atividade profissional.
Até que certa noite, acreditando estar invadindo uma
residência na qual os seus moradores estivessem ausentes, ele deu de cara com a
dona da casa, uma jovem mulher que se preparava para ir para a cama. Ora, o
susto da moça foi grande, mas ela enfrentou o invasor com determinação e coragem.
— O que você quer? – ela perguntou tentando cobrir com
as mãos o corpo que levava apenas uma fina e quase transparente camisola.
— O que a senhora acha que eu quero? – o ladrão
perguntou desapontado consigo mesmo pelo seu descuido. No entanto, ele não
deixou de ficar admirado com a beleza de sua vítima.
A moça logo percebeu que se tratava do ladrão sobre o qual
tanto falavam no bairro e o encarou observando que a sua aparência era típica
dos ladrões. Ele vestia-se casualmente e com bom gosto, era alto, porte atlético,
cabelos louros compridos amarrados em estilo samurai, barba por fazer, rosto perfeito
e olhar cínico e penetrante, enfim, um tipo bem comum de gatuno.
Ela então respondeu a ele abrindo os braços de forma
dramática, como se estivesse se oferecendo a ele em sacrifício, entretanto, revelando
a silhueta de seu belo corpo por debaixo do tecido fino da camisola.
— Venha, pegue isto que você está querendo, mas poupe
a minha vida! Vamos, satisfaça os seus infames desejos carnais e vá-se embora!
Entretanto, ela teve o cuidado de acrescentar uma
informação contrária ao que o bom senso espera em casos como aquele, em que tudo
que se deseja é que as coisas aconteçam de forma rápida e indolor:
— Meu marido saiu e vai demorar!
Por tanta generosidade, o ladrão não esperava. Sua
intenção era apenas levar um relógio ou um par de brincos, e ele se daria muito
satisfeito se houvesse um tablet ou câmera digital para incluir butim. Mas um
mulherão daquela qualidade se entregando para ele, era algo extraordinário, não
havia como recusar.
Ele então se deixou levar pelo desejo, tomando-a nos
braços e a imprensando contra a parede com o seu próprio corpo. Ela gemeu ao sentir
a sua rigidez e lhe ofereceu os lábios. Antes, porém, de sufocá-la com um longo
beijo, ele quis saber.
— E onde está o seu marido?
Ao que ela respondeu ofegante e dominada pelo desejo.
— Ele foi caçar pokemon!
Rio Vermelho, 23 de agosto de 2016.
3 comentários:
kkkkkkkkkkkkkkkkk Foi caçar pokemon é ótimo. final surpreendente.
Fátima Santigo
Boa!!!
Boa, Cris!!!
Henrique Fenocchio
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