domingo, 12 de abril de 2015

O Cego e a Moça dos Correios

A moça. Chamava-se Claudete e possuía bonitos cabelos crespos e longos os quais mantinha sempre bem cuidados. E o seu corpo era de tal formosura que provocava nos homens olhares e pensamentos maliciosos. Ao caminhar na rua, por exemplo, não havia cristão que resistisse em virar para trás só para dar uma conferida naquela bunda que não era nem muito grande e nem muito pequena, cuja carne era firme e parecia uma fruta no ponto para ser comida. Mas o que mais chamava a atenção para aquela moça, era a sua feiura. Ela era tão feia que causava compaixão.

O rosto era de um formato peculiar. Começava largo abaixo de uma testa arredondada e depois ia se estreitando até chegar no queixo, terminando abruptamente quando se esperava que chegasse até o fim. Os olhos grandes e escuros eram muito afastados, tendo ao meio um nariz largo e torto como o de um lutador de boxe. E ao encarar os homens, ela o fazia com a expressão de uma galinha que ia pôr um ovo e depois mudou de ideia.

No entanto, Claudete era possuidora de uma autoconfiança que faltava em muita mulher bonita. Ela andava com a cabeça erguida e passos decididos como fosse a rainha da cocada preta. Aquela sua atitude segura de si compensava a sua feiura, fazendo os homens esquecerem daquilo depois do primeiro choque.

O cego.  Ele era um cego como qualquer outro que não enxerga e faz uso de bengala branca para se locomover. Ele trabalhava como segurança de uma loja de ração para cães e gatos na rua do canal, onde ficava sentado num banquinho do lado de fora ao lado da entrada evitando que a loja fosse assaltada. Ele tinha uns sessenta e poucos anos de idade e ia trabalhar vestindo calça jeans e camisa de mangas compridas bem passada além de óculos escuros tipo Ray Ban.

Certo dia, Claudete, que trabalhava na agência dos Correios, precisou ir até a rua do canal para fazer uma compra. Durante o percurso feito a pé, passou por homens que lhe prestaram a devida homenagem ao admirar a sua formosa bunda. Como eu já dissera antes, a moça era feia, mas nem tudo era de se desprezar.

Ao passar em frente à loja onde o cego trabalhava, ele pareceu indiferente quando a moça cruzou a sua frente. Só alguns segundos depois de Claudete ter passado, ele virou a cabeça discretamente e baixou os óculos escuros para poder ver melhor aquele presente de Deus. Dir-se-ia, que a sua bunda era de tal perfeição que até cego a admirava!

Rio Vermelho, 09 de abril de 2015.


4 comentários:

Anônimo disse...

Kkkkkkkkkk a cura da cegueira através da bunda kkkkkkk
Ivana Braga

Anônimo disse...

Cristiano, como sempre simples e muito envolvente, esperando o seu fim.
Um abraço, Paulo.

Anônimo disse...

Suas cartas do moinho são deliciosamente lidas e relidas...
abraços
Bubby Costa

Sarnelli disse...

O que não faz uma bela paisagem...