A moça. Chamava-se Claudete e possuía
bonitos cabelos crespos e longos os quais mantinha sempre bem cuidados. E o seu
corpo era de tal formosura que provocava nos homens olhares e pensamentos maliciosos.
Ao caminhar na rua, por exemplo, não havia cristão que resistisse em virar para
trás só para dar uma conferida naquela bunda que não era nem muito grande e nem
muito pequena, cuja carne era firme e parecia uma fruta no ponto para ser comida.
Mas o que mais chamava a atenção para aquela moça, era a sua feiura. Ela era tão
feia que causava compaixão.
O rosto era de um formato peculiar.
Começava largo abaixo de uma testa arredondada e depois ia se estreitando até
chegar no queixo, terminando abruptamente quando se esperava que chegasse até o
fim. Os olhos grandes e escuros eram muito afastados, tendo ao meio um nariz
largo e torto como o de um lutador de boxe. E ao encarar os homens, ela o fazia
com a expressão de uma galinha que ia pôr um ovo e depois mudou de ideia.
No entanto, Claudete era
possuidora de uma autoconfiança que faltava em muita mulher bonita. Ela andava
com a cabeça erguida e passos decididos como fosse a rainha da cocada preta. Aquela
sua atitude segura de si compensava a sua feiura, fazendo os homens esquecerem daquilo
depois do primeiro choque.
O cego. Ele era um cego como qualquer outro que não
enxerga e faz uso de bengala branca para se locomover. Ele trabalhava como segurança
de uma loja de ração para cães e gatos na rua do canal, onde ficava sentado num
banquinho do lado de fora ao lado da entrada evitando que a loja fosse assaltada.
Ele tinha uns sessenta e poucos anos de idade e ia trabalhar vestindo calça
jeans e camisa de mangas compridas bem passada além de óculos escuros tipo Ray
Ban.
Certo dia, Claudete, que
trabalhava na agência dos Correios, precisou ir até a rua do canal para fazer
uma compra. Durante o percurso feito a pé, passou por homens que lhe prestaram a
devida homenagem ao admirar a sua formosa bunda. Como eu já dissera antes, a
moça era feia, mas nem tudo era de se desprezar.
Ao passar em frente à loja onde
o cego trabalhava, ele pareceu indiferente quando a moça cruzou a sua frente.
Só alguns segundos depois de Claudete ter passado, ele virou a cabeça
discretamente e baixou os óculos escuros para poder ver melhor aquele presente
de Deus. Dir-se-ia, que a sua bunda era de tal perfeição que até cego a admirava!
Rio Vermelho, 09 de
abril de 2015.
4 comentários:
Kkkkkkkkkk a cura da cegueira através da bunda kkkkkkk
Ivana Braga
Cristiano, como sempre simples e muito envolvente, esperando o seu fim.
Um abraço, Paulo.
Suas cartas do moinho são deliciosamente lidas e relidas...
abraços
Bubby Costa
O que não faz uma bela paisagem...
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