Ao ler numa revista semanal a
matéria sobre a nova mania nacional dos seios grandes e fartos – nós,
brasileiros, outrora, sempre tivemos profunda admiração pelo derrière avantajado, – lembrei que, no
passado, era costume tê-los pequenos, como uma fruta delicada à espera de ser
chupada. Muitas mulheres, então, as que tinham os seios fartos graças a um
capricho da natureza, cuidava de reduzi-los para que estes deixassem de ser
objeto de atenção e cobiça de olhares maldosos, e, porque era feio mulher de
peito grande! Para onde iriam aquela porção que fora extirpada do corpo
feminino, eu me perguntava intrigado, haveria algum banco de peitos que os
doava para as outras desafortunadas que os desejavam maiores do que os que o
Criador as proveu? Para o conhecimento da cara leitora, eu sempre fui uma
pessoa discreta e modesta, cuja preferência sempre foi pelo tamanho pequeno e que
caiba exatamente na palma de uma mão.
Toda esta falação sobre mamas me fez recordar de minha
infância e buscar naquele período uma explicação que justificasse a minha
predileção pelos tamanhos pequenos e discretos. Eu, então, deveria ter pouco
mais que doze anos de idade, quando na aula de educação física, dei um jeito na
perna que passou a me incomodar na articulação à altura do quadril, dias depois.
Fui me consultar com um ortopedista cujo sobrenome lembrava uma marca famosa de
descarga fechaduras: Goldsmith.
Depois da breve consulta, ele prescreveu-me sessões
diárias de “forno” durante o período de duas semanas. O dito “forno” era uma
estufa cujo formato assemelhava-se a um grande cilindro cortado ao meio e colocado
sobre uma cama sobre a qual deitávamo-nos para que este fosse posicionado na
altura da lesão que, ao ser ligado, emitia ondas de calor que prometiam livrar o
paciente de seu tormento.
Na primeira sessão, que começou logo no dia seguinte, fui
atendido pela enfermeira, uma negra retinta do corpo forte e largo e, também, possuidora
de um par de seios enormes que pareciam querer saltar fora do apertado uniforme.
Entretanto, não foi o tamanho avantajado de suas mamas que me chamou a atenção,
e sim um fino bigode acima de seus lábios, cuja fartura de pelos gritava aos
olhos. Eu jamais vira em toda minha vida uma única mulher com um bigode igual, e
aquilo me causou antipatia.
As sessões de fisioterapia ocorriam depois da escola, que
era no turno vespertino, e a noite já tinha caído quando eu chegava à clínica. Como
eu era o último paciente do dia, só ficávamos eu e a enfermeira de bigodes. Na
primeira sessão, ao entrar na pequena sala onde estava o “forno”, ela pediu-me gentilmente
que tirasse as calças e deitasse na cama em decúbito dorsal. Em seguida, moveu
a estufa até a altura do meu quadril e ligou-a, deixando-me sozinho cozinhando.
A Sra. Bigodinho, como eu, gentilmente, a apelidei, controlava o tempo através
de um pequeno aparelhinho redondo que lembrava um chaveiro e que o deixava sobre
a cama ao meu lado. Quando terminava o tempo, este emitia um alto e estridente zumbido
e ela, então, reaparecia para desligar a estufa para que eu me levantasse.
Na terceira noite, ao final da sessão, algo surpreendente
aconteceu. Eu estava vestindo as calças, de pé, ao lado da cama, quando a
enfermeira aproximou-se, oferecendo ajuda. Apesar de minha recusa, ela foi
insistente. Depois de ajudar-me, ela, então, foi empurrando o seu forte corpo contra
o meu até me deixar preso entre ela e a parede, sufocando-me entre os seus
enormes peitos e o sorriso de seu bigode o qual me causava aflição. “O
garotinho gosta de mulher?” Eu, assustado com aquela novidade, apenas respondi:
“Ainda não provei.” E, conseguindo desvencilhar-me dela, corri aturdido para a porta
de saída, indo embora em disparada.
Na sessão do dia seguinte, mal pude olhar para ela,
achanado que estava, mas vi o suficiente para notar que ela usava um uniforme cujo
decote mostrava até a altura do umbigo. Senti o estomago embrulhar Ela veio até
a salinha e, num tom que era mais uma ordem que um pedido, mandou que eu
tirasse as calças. De olho no meu cacete, que jazia acanhado por dentro da
cueca, ela perguntou assim com o seu bigode: “Você tem namorada?” Respondi que
não. “Você já usou essa coisinha numa mulher?” Não respondi.
Ao
final da sessão, quando o aparelhinho zumbiu, ela voltou até a sala onde eu
estava e me imprensou novamente com seu corpo grande e forte contra a parede,
fazendo o meu rosto quase sumir entre os seus peitos. “O bebê não quer mamar?
Mama um pouquinho na titia vai.” Disse aos sussurros esfregando os peitos
grandes quase nus no meu rosto ainda virgem. Eu não sabia o que era pior, seus
peitos em minha cara ou a visão tão próxima de seu bigode. “Não obrigado, eu
tenho intolerância a lactose.” Respondi com o coração quase explodindo de medo
e escapulindo de suas garras.
Aquelas sessões de fisioterapia se, por um lado, estavam fazendo
um bem à minha perna, por outro, me deixavam aflito a cada vez que tinha de
reencontrar a Sra. Bigodinho. Na sessão do dia seguinte, eu já tinha uma
estratégia preparada para me livrar dela. Antes de o aparelhinho zumbir para
que ela viesse ao meu encontro, eu já tinha me vestido novamente e ido embora
em disparada, para o seu desapontamento.
Mas
ela era esperta demais, porque na sessão seguinte, ela não deixou ao meu lado o
aparelhinho que contava o tempo, deixando-me totalmente desorientado. Deste
modo, eu não podia me antecipar a ela. Quando a sessão terminou, ela apareceu
na sala com um sorriso maligno em seus lábios por baixo daquele bigode ridículo.
Mas eu já estava preparado para ela, depois de ela ter ligado o forno e saído,
eu dei um jeito de pular fora da cama e vestir novamente as minhas calças, fazendo
aquela sessão vestido. Quando ela retornou, ao mover o forno para que eu saísse
e percebeu que eu estava de calças, ela deu um sorriso sínico. “Espertinho,
heim?”. Ali, na beirada da cama, ela me bloqueou a passagem com seu corpo sólido
e, sabendo qual era as suas intenções, corajosamente, enchi minhas duas mãos
com seus peitos que eram maiores do que eu conseguia segurar, e os apertei com
força sentindo a sua dureza até ela fechar os olhos e soltar um gemido em êxtase.
Como se não bastasse, ela ainda foi aproximando a sua boca da minha com aquele
bigode repulsivo. “O bigode não, assim já é demais!”, gritei para mim mesmo. Transformei
os meus polegares e indicadores num alicate e apertei os seus mamilos com o que
me restava de força até ela soltar um ganido voluptuoso e pular para trás. “Assim
você me mata, menino!” Aproveitei a deixa e fugi daquele consultório o mais
rápido que pude. Depois daquele dia, me dei por curado e me dei alta, nunca
mais voltei àquela câmara de torturas! E esta é, provavelmente, a causa de
minha predileção pelos peitos pequenos.
Chapada Diamantina, 9
de fevereiro de 2013.
Um comentário:
Obrigado Cristiano! Mexeu com a imaginação. Abraço!
Danilo Fonseca
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